domingo, 14 de setembro de 2008

AS PEGADAS

As pegadas andam sozinhas. Faltam-lhes as outras que sempre caminharam ao seu lado.
Num momento esqueci. Num momento ceguei. Num momento perdi-me e vagueei.
Vagueei na busca das pegadas certas. Deambulei por entre cidades e gentes, povos e culturas, mundos diferentes. Olhei. Observei. Procurei. Cheirei todos os cantos, todos os buraquinhos.
Senti-me perdida e por vezes achado. Senti-me só e por vezes apenas incompleta. Esquadrinhei caminhos, naveguei mares, calcorreei as praias. As pegadas que tanto procurava teimavam em não aparecer. Não as via. Mas conseguia senti-las. Não as via mas tocava-as. Não as via porque estavam mesmo ali, onde sempre estiveram. Eu com a ânsia da procura esquecera-me
de que nunca as havia perdido, de que apenas me tinha distanciado um pouco mas ainda as podia ver, lá longe, na linha do horizonte. E elas diziam, "por que no te juntas a nosotras otra vez?", "te estamos esperando hace mucho ya!"

Coberta de lágrimas saudosas e invadida por um sopro de alívio percebi que a busca tinha terminado.
Só faltava uma corrida. Um esforço sem cansaço. Era a minha oportunidade. Afinal elas nunca tinham desaparecido. Tinha sido eu a deixar de as ver. Afinal elas eram as mesmas de sempre e por fim podemos caminhar juntos novamente, lado a lado, cruzando as pegadas na areia até que não seja possível distinguir as minhas das tuas.
Beijinhos, Bea

1 comentários:

Sou atleta, sempre que precisares ajudo-te nessa corrida até encontrares essas pegadas! =)