Um dia, uma pessoa muito importante escrevia-me:
“PS: Guernica...A vida é uma batalha mas até essas podem originar obras de arte extraordinárias...”
Este “PS” acompanhado pelo quadro “Guernica” de Pablo Picasso fez-me refletir muito, e agora, que começamos um ano novo, volto à frase e ao quadro e recordo o ano que passou.
Aconteceram muitas coisas ao longo do ano...conheci muitas pessoas...partilhei muitos momentos, sorrisos, lagrimas, sonhos e projectos...disse muitas palavras (talvez demasiadas)...
Também tive momentos em que perdi tempo; em que as minhas palavras foram desnecessárias, os meus gestos e olhares inoportunos.
Mas é o momento de aceitar e reconhecer que tudo isto faz parte de mim, parte da batalha. Aliás, antes de tudo, sou eu o “artista”, é minha a responsabilidade de “originar obras de arte extraordinárias”!
E é então que, por vezes, surge a vontade de mudar a ordem das coisas; surge o impulso de começar tudo de novo e irmos à batalha com todas as forças que estão ao nosso alcance...
Sinto desejo de mudar! Não de ambiente, não de pessoas mas sim de tornar-me mais responsável, comprometido, sincero, humilde...e com esse desejo “de passar a ponte, para a outra margem, onde pudesse perder a dor do caminho que fica agarrada à pele”, em muitos momentos tenho a sensação de perder o controlo e que a “vida passa sempre tão apressada (...) que os dias são ausentes e sabem a nada”.
Por isso é importante, cada vez mais, perguntar-me (-nos) “quem sou eu?” e até mesmo como grupo “E nós quem somos?”
É o momento! É a hora de “rever e recolher o que é nosso” e partir!
Ao começar este novo ano, quero recordar que espera-nos, cada um do sitio e situação em que está, um ano para viajar e aventurar-nos pelos nossos sonhos...
E pessoalmente, sei que continuarei a cometer erros, mas tento não ter medo porque sempre há Alguém que nos ama tal como somos; porque “o que (realmente) importa é o caminho”; é a batalha pela qual nos comprometemos a lutar e a dar tudo o que temos.
Entre dificuldades e sofrimento, alegria e partilha, entro (e se vocês quiserem também podem entrar) nesta aventura que me faz “deixar tudo para viver (...) este sonho que perdura (entre achados e perdidos)”.
Um abraço a todos
Bom ano
Rui
PS: Deixo-vos com “Achados e perdidos” de Mafalda Veiga...
Entre achados e perdidos
Mafalda Veiga
Ao longe vê-se a ponte
O céu que muda
Entre o princípio e o fim
Ao fundo vê-se um monte
De casas velhas
De cor entre ocre e carmim
Eu espero no tempo
Algum sinal teu
Enquanto a saudade aperta
Agarro-me ao mundo
Recolho o que é meu
A ver se a vida se acerta
Naquilo que prometeu
Desenho no horizonte
Uma viagem
Que faço sem me mover
E passo sobre a ponte
Para outra margem
Onde pudesse perder
O peso dos dias
A dor do caminho
Que fica agarrada à pele
Se a vida voasse
Para além do destino
Como a cabeça nos voa
Numa folha de papel
Uma viagem
Que faço sem me mover
E passo sobre a ponte
Para outra margem
Onde pudesse perder
O peso dos dias
A dor do caminho
Que fica agarrada à pele
Se a vida voasse
Para além do destino
Como a cabeça nos voa
Numa folha de papel
A vida passa sempre
Tão apressada
Que pouco podes conter
Os dias são ausentes
Sabem a nada
Se te esqueceres de viver
Agarra o teu mundo
Acende os lugares
Onde se escondem os teus sentidos
E não tenhas medo
Se às vezes falhares
O que importa é o caminho
Que fica
Entre achados e perdidos
2 comentários:
Obrigado pela partilha Rui.
É sempre bom ver como a vida se torna mais rica quando a partilhamos!
Um forte abraço
Obrigada, Rui!=')
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